terça-feira, abril 10, 2007

Re: Direitos de autor vs Pirataria

Obrigado Bruno pelo teu exclarecimento, no entanto, deixa-me ser um pouco mais claro em alguns pontos.

"O Miguel dos Blind Zero com quem já tive o gosto de falar defende sobretudo os direitos de autor e direitos conexos."

Os Direitos de Autor estão perfeitamente legislados e consagrados na lei. Quando produzes um artefacto intelectual, seja ele qual for, o copyright é automaticamente teu sem que tenhas que fazer nada.

O direito de "atribuição de autoria" nunca o perdes, independentemente da música ser vendida ao quilo ou ser oferecida gratuítamente. O pior disto tudo é que o Copyright que te é atribuído automaticamente é demasiado restritivo. Não permite que sejam feitas cópias do teu trabalho, não permite a realização de obras derivadas (e.g. remisturas) e não permite o uso comercial por terceiros. Foi precisamente por isso que foi criado a licença CC (Creative Commons). Trata-se de uma licença que te permite especificar exactamente o que tu, como autor, permites que seja feito com a tua obra, e.g. a criação de obras derivadas.

As licenças CC não foram criadas para fechar a música, foram criadas para a abrir, para a tornar mais livre, mais gratuíta.

De qualquer modo, não me parece que o problema esteja nas licenças, mas no modelo de negócio em si.

Como disse, a música, como objecto intelectual, deveria ser de borla. O que sustentaria a indústria seriam os concertos. É certo que os músicos teriam que trabalhar mais, teriam que realizar concertos mais atractivos, mais elaborados... mas é assim que se evolui. Se vires bem, hoje em dia, e praticamente desde sempre, um concerto ou vale pela música, ou simplesmente não vale. Os músicos estão cada vez menos criativos no departamento do entertainment. Isso tem que mudar radicalmente. Para ouvir música, ouço em casa... um concerto tem que me trazer algo mais.

Quanto à questão do leitor de MP3. Acho que sim.. bruno... também deveria ser de borla, no entanto a diferença fundamental é a criação desse artefacto consome recursos da natureza. Necessita de matéria prima para ser contruído. E isso, por enquanto, ainda tem que ser pago. (Mas não será por muitos mais séculos).


"Isso quer dizer que a música que de lá sai deveria ser de graça? Aliás investi muito dinheiro em material audio profissional e o meu albúm ainda passou por aqui. E não achas que todo o tempo, dinheiro e vontade investida não deve ser recompensada como em outra actividade qualquer ?"

Acho que sim, deve. Começa a dar concertos. :-)