segunda-feira, abril 09, 2007

Direitos de autor vs Pirataria

Qt ao teu Post embora ache que está cheio de boas intenções ;), talvez baseado em pouca informação, levantas questões de uma forma perigosa e errada Miguel. Esta é uma questão muito mais complicada do que estás a colocar.

A discussão resume-se sobretudo ao direto à propriedade intelectual algo que está protegido pela constituição.


"Esta questão da pirataria musical tem que ser esclarecida de uma vez por todas, pois é uma discussão que me enerva profundamente. Fico completamente transtornado quando vejo músicos como Vitorino ou aquele senhor que canta para os Blind Zero (cujo nome agora me escapa) a lutar pelo fim da pirataria e dos downloads ilegais. Porquê pôr músicos a lutar contra a pirataria quando são eles mesmos os que mais lucram com esse fenómeno?!"


O Miguel dos Blind Zero com quem já tive o gosto de falar defende sobretudo os direitos de autor e direitos conexos. Ele está por trás da GDA. É claro que a pirataria fomenta o desrespeito por estes direitos mas existem outras e se calhar muito piores.

Por exemplo a GDA diz o seguinte :
"Uma das condições para se atingir uma civilização baseada no conhecimento, na criatividade e na inovação radica no incentivo aos criadores de Cultura e aos agentes e entidades que animam diariamente com o seu trabalho as designadas "industrias culturais".

O Vitorino anda a falar por ele e pela SPA se não me engano.

Quando dizes:

"Senão vejamos... São conhecidos os acordos entre editoras e músicos. Poderão haver variações neste modelo, mas duma maneira geral funciona da seguinte forma. Na venda de discos a repartição dos lucros é de 80% para a editora e 20% para o músico. Na realização de concertos, é ao contrário, ou seja, 80% para o músico e apenas 20% para a editora. No caso das editoras de livros, a discrepância é ainda maior. Na venda de um livro de 20 euros o autor recebe cerca de 1.2 euros."

Embora este modelo possa variar muito (td depende do contracto estabelecido entre a editora e artística) o que realmente conta é que regra geral um artista só começa a receber do albúm qd todas as despesas são descontadas do seu saldo. Essas despesas podem ir do estúdio à campanha publicitária. Uma editora é como um banco. Avança com o dinheiro mas é o artista que acaba por pagar. Agora pode dar lucro ou prejuízo (para a editora apenas já que o autor não tem que pagar esse prejuízo) mas de qualquer forma o artista recebe uma pequena parte do lucro. Nisso tens razão. MAs esqueces-te da questão dos direitos
Exemplificando:




o podes ver existe um sério mecanismo para colher direitos justamente atribuídos.

Não faria sentido doutra forma.

"Acho bem que as editoras estejam irritadas... acho bem que os músicos também estejam... enquanto não compreenderem que o modelo económico que suporta a indústria está a mudar radicalmente vão ficar cada vez mais chateados."

É verdade. Está a mudar. Mas isso não implica desrespeitar tudo e todos.
Dai terem surgido alternativas como o download pago de música ou melhor os Creative Commons (http://creativecommons.org/)

Isto é o mesmo que dizeres que todo o software devia ser livre. O Open source é uma escolha e não uma obrigação.

E se quisessem ser pagos, os programadores teriam que dar assistência técnica?...e pelos vistos de borla tb. Finaciados pelo Estado pelos vistos. Ou seja nós todos.

A parte inocente:

"Para além disso, os músicos já ganham dinheiro que chegue. Porque é que um músico há-de ganhar mais dinheiro que um médico ou um cientista? Acham mesmo que a sua profissão é mais importante que as demais? Acham que trabalham mais horas? Será uma profissão de desgaste intenso? Quanto menos dinheiro tiverem nas mãos menos drogas irão consumir, o que se virem bem, até é algo que abona a seu favor (e não me venham com a treta de que um músico sóbrio não sabe compor)."

Miguel os músico a que te referes são uma infima minoria...e obviamente que não são portugueses.

e

" Agora, quem quer ouvir música no seu leitor de MP3, porque é que há-de pagar?"

é das maiores parvoices que ouvi nos últimos tempo. A música enquadra-se naquilo que se intitula por Music Buisness. É um negócio. Consumidor, pagador. O facto de ser digital não quer dizer que não tenha custos a não ser que tu aches que fazer as capas dos Cds é o que custa mais. Existe muita música livre, sem custos por escolha do autor na Net.

Já agora porque não dizes

" Agora, quem quer ouvir música no seu leitor de MP3, porque é que há-de pagar?, pela Música e pelo Leitor. " De certo que a Apple não se importava. Ganhava o que precisava pela compra de música on-line no Itunes. Ah não , espera isso tb seria de graça...

Segundo o que tu dizes e numa sociedade de conhecimento, um aparelho electrónico tem mais valor (comercial)que uma criação artística...(que não tem nenhum).

Qt à minha parte

"Os músicos já possuem tecnologia que chegue para que não precisem de grandes estúdios (vejam o Bruno que faz discos no seu PC)."

É verdade. Uso um computador. Como 90% dos estúdios profissionais em todo mundo actualmente. Já ouviste falar de Pro-tools? Isso quer dizer que a música que de lá sai deveria ser de graça? Aliás investi muito dinheiro em material audio profissional e o meu albúm ainda passou por aqui:
























Não achas que ficou de graça pois não? :)

E não achas que todo o tempo, dinheiro e vontade investida não deve ser recompensada como em outra actividade qualquer ?