terça-feira, maio 26, 2009

Jorge Colombo desenha capa da 'New Yorker' no iPhone


O artista português que rumou aos EUA há 25 anos, depois de ter estado em 'O Independente', aderiu àquilo que no meio muitos já chamaram de "iPhone art", ainda por cima numa revista de referência, a 'The New Yorker'.

Jorge Colombo é o autor da ilustração da capa da revista The New Yorker desta semana, mas a sua maior originalidade é que foi pintada num iPhone.

Colombo é um artista português, radicado nos Estados Unidos, onde tem ilustrado diversas publicações. As primeiras colaborações com a The New Yorker datam de 1994.

Para o desenho "Finger Painting", o autor gastou uma hora em frente ao Museu de Cera de Madame Tussaud, na Times Square, em Nova Iorque, para desenhar pessoas junto de uma banca de venda de comida.

O iPhone tem a enorme vantagem de lhe permitir desenhar em locais com reduzida iluminação ou com muitas pessoas em redor que simplesmente julgam que ele está a mexer no telemóvel.

"A experiência que trazia de desenhar anos e anos com lápis, com pincel, com aguarela", "além de imensas explorações fotográficas", permitiram-lhe evoluir facilmente para o pequeno iPhone. "No fundo a arte é a mesma, a ferramenta é que muda ligeiramente", explicou por email, ao DN.

Colombo colocou as imagens à venda num site que foram descobertas por Françoise Mouly, editora de arte da revista. "Reconheceu nelas uma tradição de imagens 'observadas', que existia nas capas da New Yorker desde 1925" e, no futuro, os desenhos "vão passar a ter lugar regular no website".

Apesar da cobertura mediática nos Estados Unidos desde que foi revelada a imagem do ilustrador lisboeta (além da New Yorker e de publicações online dedicadas à tecnologia ou arte, o New York Times ou a ABC News escreveram ontem sobre o assunto), Colombo já tinha sido detectado em Março nas páginas de arte do The Guardian. O jornal britânico denominava as imagens de "delicadas e vívidos", enquanto o site Craziest Gadgets as apelidava de "fantásticos desenhos". Outros chegaram a sugerir tratar-se de fotografias.

Colombo adquiriu o iPhone em Fevereiro e, pouco depois, a aplicação Brushes. Já a conhecia: "os primeiros desenhos que vi foram de um artista francês chamado Stephane Kardos, bastante anteriores aos meus e muito bonitos", explica. Kardos é director de arte na Walt Disney.

O software custa quase cinco dólares e permite desenhar como se o dedo fosse o pincel (há outra aplicação semelhante, o Colors). Desde o seu lançamento em Agosto passado, já foi adquirido por mais de 40 mil pessoas, assegura o seu criador Steve Sprang.

Uma aplicação paralela, a Brushes Viewer, permite registar todos os passos dados na concretização de um desenho e exportá-lo como vídeo. A New Yorker tem precisamente um pequeno filme com a concepção da capa de Colombo, onde é notória a sua técnica para as imagens surgirem, em diversas camadas. "Tem de se desenhar o palco antes das personagens", explicou à ABC News.

Colombo é mais um dos artistas a aderir à já denominada "iPhone art". "O David Hockney, por exemplo - um dos meus pintores favoritos de sempre - também anda a fazer desenhos no iPhone", lembra Colombo. "Aos 72 anos!"