sexta-feira, outubro 17, 2003

Para que nunca vos falte assunto!

Fui despedido da Escripóvoa!
Querem saber porquê, não querem? Aqui vai o email que eu escrevi ao patrão e enviei para todos os empregados da Escripóvoa.


Exmo. Sr. Fábio Resende,


Venho por meio desta carta aberta manifestar o minha indignação em relação ao modo como o meu afastamento da Escripóvoa foi levado a cabo. O meu despedimento foi súbito e apressado, levando-me a pensar que não houve da vossa parte o minimo de consideração pela minha pessoa nem pelas consequências que semelhante acto poderia ter na minha vida.


O Sr. Fábio Resende quando me contratou sabia que este era o meu primeiro emprego e que fiz o meu estágio curricular na Siemens S.A.. Sabia também, ou pelo menos deve ter uma ideia, de que as politicas e metodologias da Siemens são bastante deiferentes das da Escripóvoa, tanto a nível organizacional como a nível de relacionamento com os empregados. Seria de esperar que uma empresa da dimensão da Siemens, com uma organização interna altamente hierárquica e burocrática, tivesse um relacionamento com os seus empregados mais frio e distante quando comparada com uma empresa como a Escripóvoa, pequena e com uma hierarquia bastante nivelada. Mas a verdade é contraditória. O meu estágio na Siemens foi sempre marcado por uma abertura e acessibilidade por parte dos meus superiores que na Escripóvoa se traduziram em silêncio e distanciamento.


As razões apresentadas pelo Sr. José Carvalho para o meu despedimento foram a falta de comprimento dos horários com enfâse para o facto de na última sexta-feira ter saído 15 minutos antes da hora de saída e a minha suposta falta de empenho nas minhas tarefas com enfâse para os meus intervalos de 10 minutos junto à máquina do café.

Em relação à primeira razão, tenho que assumir que é verdadeira. Era costume meu chegar 15 a 30 minutos depois das 9:30, embora houvessem dias em que cheguei antes da maioria das pessoas. Quanto ao episódio da última sexta-feira, que na minha opinião foi a verdadeira causa do meu despedimento, tenho dois apontamentos:
- Na sexta-feira anterior tinha estado até às 6:30 no gabinete do Sr. Carvalho e disse-lhe que tinha que sair porque tinha que apanhar uma camioneta para voltar para Braga. Saí por volta das 6:35 e como tinha que ir a pé até à Póvoa não cheguei a tempo ao meu transporte. Esta última sexta decidi sair 15 minutos mais cedo e não avisei o Sr. Carvalho porque este estava em reunião. Vim na segunda a saber que o Sr. Carvalho foi meu gabinete para falar sobre qualquer coisa que dizia respeito à pessoa com quem ele estava a ter a reunião e eu já tinha saido. Ora, não é preciso muita ginástica mental para perceber o porquê de eu ter saido mais cedo e mesmo que naquele momento não lhe tivesse ocorrido o motivo, com certeza que quando deliberou com o Sr. Fábio o meu despedimento de uma forma calma e racional, como é de esperar numa empresa, a razão lhe tenha ocorrido. Ou talvez a decisão não tenha sido tomada de forma calma e racional e isso leva-nos ao primeiro paragrafo desta carta.
- O outro apontamento é que na maiora dos dias saí depois das 6:30; em geral não saía antes das 6:45 e houve alguns dias em que saí depois das 7:00, mas parece-me que a escala mexe apenas num dos sentidos.

Em relação à segunda razão qualquer pessoa com o minimo de bom senso percebe que é falsa. A tarefa que me foi atribuida quando comecei na Escripóvoa era por-me a par do trabalho do Pedro para que quando ele saisse ficar eu com as funções dele. Como disse atrás, uma pessoa com o minimo de bom senso sabe que pegar no trabalho de outra pessoa e entender a lógica por trás de uma determinada organização, pode ser uma tarefa complicada e morosa. Por mais optimistas que sejamos, esperar que em 15 dias uma pessoa assimile todo o trabalho que outra demorou vários meses a fazer é, no minimo, "apertado". E o Sr. Carvalho tinha consciência que eu ainda agora, passado um mês, me estava a aperceber de promenores que não conhecia, caso contrário não me tinha dito para assistir à formação inicial de GesPOS que foi dada aos agentes.
Quanto às minhas pausas de 10 minutos com alguma freqûencia, que estranhamente foram mencionadas pelo Sr. Carvalho, e digo estranhamente porque para uma pessoa que fuma dois maços de tabaco por dia, não entender uma pausa de 2 em 2 horas para fumar um cigarro é lamentável. O facto eu estar fora do meu gabinete junto à máquina de café ter sido mencionado é ainda mais lamentável; praticamente todas as pessoas que trabalham na Escripóvoa sabem que dos programadores que estavam no meu gabinete só eu é que fumava e que desagradava aos meus colegas que se fuma-se no gabinete; eu concordo totalmente com isso e a maioria das pessoas respeitava isso; maioria, porque obviamente não era a totalidade!

Outro dos factores que me desiludiu na atitude da Escripóvoa em me despedir sem o menor dos avisos. Eu reparei que no meu contrato de trabalho havia um ponto que dizia que antes do prazo final do contrato expirar a empresa devia avisar o trabalhador com 8 dias de antecedência. Obviamente, a minha situação, não se enquadra neste ponto, visto eu estar ainda nos dois meses de experiência consagrados no mesmo contrato. O que me entristece é que haja um ponto no contrato que obrigue a Escipóvoa a avisar o trabalhador com antecedência do fim do contrato, uma coisa que à partida ninguém se esquece, e não tivesse havido a mais pequena consideração a nível pessoal de me avisar com o minimo de antecedência para que pudesse organizar a minha vida. Parece que a consideração pelas pessoas se resume ao que está escrito num contrato de trabalho.

Como último reparo gostava notar que foi o Sr. Fábio Resende quem me contratou e que não foi capaz de me despedir. Será que a decisão foi mesmo tomada em conjunto como o Sr. Carvalho me disse ou foi um pequeno capricho de uma das partes?!

Cumprimentos,
Rui Castro



Bem, mas nem tudo são tristezas. Na terça-feira mandei o curriculum para o Centro de Computação Gráfica, em Guimarães, e ligaram-me passado 2 horas para marcar uma entrevista. Fui à entrevista hoje e correu bastante bem. Pena é que só para a semana a seguir à proxima é que tenho resposta. Mas, se tudo correr bem, vão ter um amigo na investigação :) (é mais a fazer sites, mas é meio caminho andado).
Se souberem de algum emprego digno da minha careca, avisem-me :)